Em pleno franquismo, o famoso psiquiatra Juan José Lopez Ibor público “o livro da existência sexual”, fundamentado manual de consulta dos espanhóis da ditadura. “O livro da existência sexual” ficou um fundamentado “boom” editorial na Espanha franquista . Nem pra mim nem sequer pros meus 2 filhos, de dez e doze anos, que desde a minha traumática separação de casal, ocorrido uma década atrás, dependiam exclusivamente de meus recursos.
Todos, Eliseu, meus dois filhos, um digitador que me ajudava e eu compartilhávamos sessenta metros quadrados. Sem apoios económicos familiares, sem fortunas pessoais, dependíamos apenas de forças para manter e educar os meus filhos e sobreviver nós. Eliseu não tinha algumas titulações nem ao menos sabia que existia profissão contrário do que a de jornalista.
E o meu escritório não podia render muito quando, levada dos ideais que pautaram a minha vida, me dedicava-se fundamentalmente a defender operários, mulheres agredidas e presos políticos. A Toda semana entregávamos um episódio, ou quase, e cobrábamos com vasto alegria o estipulado. Devo reconhecer que em nenhum momento nos sentimos humilhados nem ofendidos pelo anonimato em que tinha mergulhado a organização. Sabíamos que pertenecíamos ao submundo dos perseguidos, dos anatemizados, dos vencidos. A honra era um luxo que não queremos mais nos permitir.
- Classe média “acordada” (25%)
- Participação no mercado
- quanto mais curto muito melhor
- Produção de Tv
O que deveria ter reivindicado o seu era López Ibor. Seu nome e tua assinatura deviam ter sido mais valorizados por ele mesmo, pra não ser depositados cegamente em um texto que não sabia que existia, e que tinha sido escrito por 2 jovens amanuenses desconhecidos. Bem mais pecador era o provável autor do que nós, porque, segundo afirma Sor Juana Inés de la Cruz, o menos culpado é “o que peca por pagamento/ que o que paga por pecar”. Em nossa ingenuidade nunca teríamos imaginado uma argucia semelhante. Nós usamos referências inúmeras, estudamos com afinco as obras interessantes dos melhores especialistas na matéria e realizamos um resumo de inúmeras delas, entretanto nunca copiar parágrafos inteiros.
Talvez porque desconocíamos, dada a nossa juventude e ignorância, a estratégia da “intertextualidad”, que acabamos de dominar. Termo que, por certo, como sugeria de modo tão original Carlos Paris, poderia bem como colocar-se aos ladrões de outra espécie de bens e formularía como “interpropiedad”, a título de exemplo. O serviço durou vários meses e nos permitiu saciar a fome várias: de comida, de roupa e de livros. Também, quão bons e ingênuos que éramos! Gostamos muito da edição e nos sentimos orgulhosos das várias páginas que tínhamos escrito. E agora não voltamos a ganhar ou de uma moeda de um centavo a mais pela obra.
Menos mal que a nós não nos tirou mais do que horas de trabalho e descanso, e que a nossa própria vitalidade e otimismo nos fizeram passar sem trauma qualquer, aquela embates, que tomamos com muito senso de humor. Anos mais tarde, quando tínhamos nossos amigos, que reagiu com descrença primeiro e indignação mais tarde, seus sentimentos nos sorprendían e até se emocionavam. Tão bons e gratos éramos. Juan José López Ibor (1907-1991) marcou um antes e um depois pela história da psiquiatria em Portugal. Foi o iniciador da psicoterapia narcoanalítica.